‎SUBIDA DO PREÇO DO TÁXI EM ANGOLA É “ASFIXIA NA VIDA DAS FAMÍLIAS”

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‎ Analistas políticos consideraram hoje a subida do preço do táxi em Angola “uma asfixia total na vida das famílias, já em indigência social”, considerando que a medida reflete “insensibilidade” do Governo angolano e pode causar convulsões sociais.

‎‎Segundo o analista Albino Pakisi, a subida do preço do combustível em Angola “é dilema” que o Governo enfrenta, face às orientações do Banco Mundial (BM) e do Fundo Monetário Internacional (FMI), para poder poupar 400 mil milhões de kwanzas (373 milhões de euros), gastos anualmente em subsídios.

‎”Mas, a verdade é que o BM e o FMI aconselharam o Governo que, se subir os combustíveis gradualmente tem que também ter incentivos à população para que ela não se sinta sufocada”, disse hoje à Lusa, antevendo uma subida do preço de outros bens e serviços nos próximos dias.

‎”Em Angola, não subiu apenas o preço do combustível, subiu a eletricidade, subiu o táxi, subiram as propinas. O governo não pode permitir isso, que é de uma insensibilidade tão grande que não podemos dizer que as pessoas não reclamem ou não saiam a rua nos próximos tempos dado a este custo de vida”, notou.

‎Por seu lado, o politólogo David Sambongo referiu à Lusa que a subida da tarifa do transporte coletivo urbano para 200 kwanzas (0,19 euros) e dos táxis privados para 300 kwanzas (0,28 euros) por viagem “vai degradar cada vez mais a qualidade de vida da maioria das famílias angolanas, que já se encontram numa situação de indigência social”.

‎Famílias angolanas estão hoje com dificuldades em fazer as três refeições básicas, salientou o politólogo angolano, observando que o táxi, em Angola, tem um papel fundamental na vida das populações, sobretudo na busca de serviços essenciais distantes das zonas de residência.

‎O autor da obra “Segurança Nacional e Recursos Naturais: Uma Análise sobre a Influência do Petróleo no Desfecho do Conflito Civil Angolano: 1992-2002” disse também que para os cálculos reais das famílias carenciadas a subida dos preços dos transportes vai significar uma “asfixia total”.

‎”Isso vai significar um sufoco, uma asfixia total na vida das famílias angolanas (…). Nunca vimos na história contemporânea de Angola tantas personalidades a pronunciarem-se sobre uma medida pública de remoção dos subsídios, o que vai degradar cada vez mais a vida dos angolanos”, concluiu David Sambongo.

‎Albino Pakisi defendeu, por outro lado, a necessidade de o Governo de Angola melhorar a qualidade da sua despesa, sobretudo com a “redução das mordomias”, porque, notou, não faz sentido que o Governo suba o preço dos combustível e os seus membros “vivam de combustíveis subsidiados”.

‎”[Membros do Governo] não pagam combustível, continuam a ter mordomias supérfluas e o Governo continua a engordar, ou seja, o nosso Presidente da República não está a ser capaz de seguir a dinâmica do sacrifício que está a impor ao povo, não está a ser capaz”, criticou.

‎O também filósofo e docente universitário criticou ainda as viagens do Presidente angolano, João Lourenço, ao exterior, que disse serem “excessivas e com comitivas largas”, e, citando o Novo Jornal, disse que o chefe de Estado angolano já gastou mil milhões de dólares (cerca de 854 milhões de euros) em viagens.

‎”Não é possível num país em crise, como estamos, ter a simpatia das pessoas”, lamentou, admitindo mesmo convulsões sociais dada a “insensibilidade” do Governo ao sofrimento do povo.

‎Viver em Angola “está muito difícil” e “tem de haver sensibilidade do Governo”.

‎”Se nos sacrificamos que sejam todos. Não podem uns sacrificarem-se e outros continuarem a viver como se o país não estivesse em crise (…), tem de haver sensibilidade para evitarmos males maiores”, concluiu Albino Pakisi.
CRÉDITOS:LUSA


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