O FIM AUTOCRÁTICO DE JOÃO LOURENÇO- COQUE MUKUTA

Destaque Opinião

Maricel Capama e Rui Falcão, bom dia.

Os meus parabéns pela bravura. Escrevo para enaltecer a vossa indecifrável postura em confrontar o chefe.

Acredito que outros igualmente determinados se juntarão à luta pelos próximos 800 dias, até ao fim do ciclo autocrático de João Lourenço.

Sim, sou eu mesmo — o filho mais novo do Ti Chico Mukuta, hoje com 90 anos. Nasci na localidade de Kizanga, província de Malanje, e estudei na Kabwabwata. Hoje vivo em Luanda, determinado a não aceitar a humilhação como regra, com a bravura do Kifumbe e a coragem do Fubú.

Sim, sou eu… o filho do Ti Chico, aquele menino da OPA que era chamado diariamente para hastear a bandeira na escola da Vila Matilde. O fã do trabalho e luta do Comandante Sakayoya..

Infelizmente.

Não conte com pessoas íntegras — nem dentro, nem fora do seu partido — para sustentar um Presidente cuja própria família, por vezes, parece envergonhar-se de o ver nesse lugar.

Faltam pouco menos de 800 dias até 24 de Agosto de 2027, data prevista para as próximas eleições gerais.
Torna-se cada vez mais tarde para quem, já impedido pela Constituição da República de Angola de se recandidatar, não conseguiu marcar positivamente os seus mandatos com gestos mínimos de boa governação.

João Manuel Gonçalves Lourenço, ao longo dos seus dois mandatos, privilegiou o enriquecimento de um círculo restrito de aliados, criando um encaixe empresarial próximo a si, enquanto marginalizava outras iniciativas. Que o digam seus próximos donos das empresas MCA, Omatapalo, Carrinho, Gemcorp, Mitrelli, Privinvest e a Dar Angola — beneficiárias de contratos públicos por via de adjudicações directas. Quando quiserem fugir das nossas pesquisas João Lourenço coloca o anexo 2, que não é tornado público e é a forma como hipotecaram este país.

Este modelo de favorecimento consolidou-se numa teia de interesses que hoje prepara a sua “reforma dourada” no Dubai, para onde frequentemente se desloca o seu amigo general — encarregado de “colocar os traços nos t’s e os pontos nos i’s”.

Infelizmente.

Aquele que prometeu “…construir uma nova Angola, assente no pilar da transparência e da concorrência leal nos negócios…” acabaria por se tornar, ele próprio, num dos piores presidentes da história do país.

À par de Eduardo dos Santos — sob quem nasci e cresci vendo como mau presidente — vejo igualmente um homem que não soube aproveitar o tempo e que resultou numa completa vergonha, tornando-se uma verdadeira vergonha nacional — com um tal de Fernando Garcia Miala.

Recordo que, em 2008, visitei Miala na cadeia de Viana, acompanhado de Tunga Alberto, então coordenador para os Direitos Humanos. Acreditávamos, com sinceridade, que o homem merecia ser ouvido — talvez até tratado — como um ser humano.

Infelizmente, anos mais tarde, viemos a saber que está talhado para maldade. Chegando mesmo a formalizar um expediente me queimando junto do seu chefe – após nomeação de director dos serviços de inteligência, ao invés de contribuir para a reconstrução nacional, tem contribuído para a sua desestruturação e perseguição constante à quem pensa, não apenas à quem pensa diferente, mas como disse – à quem pensa. Além disso, tem arruinado a vida de milhares de angolanos — incluindo a de João Lourenço.

Como sabem, é ele o nosso foco.

Um breve cálculo:

Para saber quantos dias faltam até 24 de Agosto de 2027, a partir de 15 de Junho de 2025, temos:

  • De 15/06/2025 a 15/06/2026: 365 dias
  • De 15/06/2026 a 15/06/2027: 365 dias
  • De 15/06/2027 a 24/08/2027: 70 dias
    Total: 800 dias

Importa lembrar que João Lourenço colocou  a sua filha, Cristina Giovanna Dias Lourenço, para a administração da BODIVA. Esperavam que esquecêssemos. Mas não esqueceremos. A sua nomeação não aconteceria se não fosse ela filha de quem é.

Neste momento, o Presidente luta para encontrar um sucessor que lhe garanta algum tipo de escudo político. Passando por Miala, Adão, Manuel e Mara Quiosa. No entanto, a mesma forma traiçoeira com que afastou José Eduardo dos Santos, forçando o fim da bicéfala do MPLA em apenas um ano. João Lourenço também vai ser sacrificado após as eleições de 2027.

Filhos, sobrinhos e demais familiares não escapam aos efeitos de uma governação marcada pela arrogância, exclusão e oportunismo. Infelizmente, o Presidente não nos ouviu, nos mandou passear, tal como ele mesmo disse na última entrevista na TPA e terá agora de carregar a sua própria cruz.

Coque Mukuta

O Decreto

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